nostalgia...

Vou-vos contar uma história triste....na verdade não é mais do que um momento inócuo do dia de hoje que por uns breves segundos apeteceu-me levantar o braço e dizer, já chega miúda. Mais uma vez os intervenientes são...eu, o comboio e uma qualquer rapariga que partilha o espaço comigo.

O sol já se pôs e entre pessoas, pombos suicidas e a sensação estranha de o frio estar a entrar dentro dos ouvidos, ouve-se a voz de uma mulher com um tom simpático a anunciar que o comboio está prestes a chegar à estação. A hora é a do costume e o comboio vem meio vazio, o que é raro.
A preguiça e o excesso de sono forçam-me a arranjar um lugar para sentar, dos quatros lugares perto da porta dois estão ocupados...um deles por uma pequena rapariga, de tamanho, a rondar a minha idade e com a cabeça colada ao vidro. Com o seu ar cansado e triste, os seus olhos castanhos e redondos do tamanho de dois abafadores (berlindes) não descolam da paisagem escura que corre lá fora a alta velocidade. Estação após estação, numa viagem de cerca de vinte minutos, ela não desgruda a cabeça do vidro...até que...durante um escasso segundo decide fazer descansar o vidro mas rapidamente volta a descansar a cabeça sobre ele. O ar...o ar é o mesmo, mais triste do que cansado.
Nessa longa viagem, de quatro ou cinco estações, apeteceu-me fazer parvoíces, de bater no vidro, de assobiar, de a fazer rir.

E pronto aqui fica mais uma história interessante.