jogo do sério

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No outro lado da linha está ela, isolada do mundo e com o olhar fixo sabe-se lá no quê. A maneira como ela se apresenta e olha na sua direcção chama à sua atenção. À espera do comboio, ele olha em volta por pura curiosidade, atrás dele não está ninguém, e pensa...vamos jogar ao jogo do sério.

Por breves minutos não desviam o olhar um do outro. Tempo suficiente para que na cabeça dela já tenham passado mil e uma coisas, com a possibilidade de nada ter a haver com aquele momento. Na cabeça dele vem à imaginação o que ela deverá estar a pensar naquele instante.

Os comboios que não os levam ao destino cruzam os seus olhares a uma velocidade tanta que não dá tempo para nenhum deles reagir e desviar o olhar para outra coisa qualquer. Permanecem imóveis.

Ao fim de um tempo ambos os comboios chegam à estação e no meio da confusão, entrada e saída de passageiros, ele consegue arranjar um espaço onde ainda a vê. Ela continua a olhar na sua direcção.
À medida que o comboio vai aumentando a velocidade, ele vai perdendo-a de vista até que já não a vê...nada se passou...pelo menos que ele tenha dado conta.



Na cabeça dele continuou, apenas por breves segundos, o que estará ela a pensar. 
Na cabeça dela...passou o mundo em dez minutos...assim pensa ele.

2 comentários:

  1. Gosto tanto destes textos que envolvem as pessoas, o comboio e as trocas de olhares :D

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  2. Eu também gosto disto e só me faz lembrar a tal pessoa do metro... :)

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